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sexta-feira, 9 de abril de 2010

3.1. A distribuição espacial da vegetação

Na natureza as plantas encontram por si a sua ordem, o seu lugar. No jardim é o homem quem procura o lugar das plantas que melhor serve a sua ideia de natureza. Quando submetida às leis da natureza, a vegetação distribui-se no espaço de acordo com as características próprias de cada lugar: a suavidade ou a violência do vento; a abundância ou a escassez em água; a intensidade e a duração da luz; o frio e o calor; o relevo; as propriedades do solo; etc, determinam por si só, para cada planta, um lugar na Terra.

O jardim é o lugar onde mais se exercita o espírito humano na recriação desta ordem. Pela sua imaginação e vontade, as mesmas plantas, o mesmo espaço, podem servir de argumento a uma multiplicidade de estruturas. Assim, para além de diferentes perspectivas perante a escolha da vegetação e face às qualidades plásticas a explorar, a evolução da arte dos jardins passa também por formas distintas de reorganizar a vegetação no espaço. Trata-se, na realidade, não apenas da transformação de um espaço físico, mas de um espaço mental. Se o jardim se transforma, é porque com ele se transforma a ideia de natureza.

Enquanto espaço de representação, a natureza e as paisagens atravessam-no, filtradas pela memória, pela criatividade e pela inteligência. O jardim resulta, pois, de uma síntese de espaços: um espaço abstracto e simbólico; um espaço temporal; e um espaço concreto. Neste capítulo ocupar-nos-emos, em particular, do papel da vegetação na conformação do seu espaço concreto, da sua estrutura, da sua arquitectura. Do espaço que serve de palco às impressões despertas pelo movimento e pelas acções que decorrem no seu interior.

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