Muitas vezes apelidado de “poeta da natureza” e de “artista da paisagem” (NATHAN, 2000), a sua fonte de inspiração estava encontrada: a paisagem natural, a sua história e a sua topografia. Nos jardins de Jensen, as plantas distribuíam-se com espaçamentos irregulares em extensas massas e eram cuidadosamente estudadas as relações de transição entre os diferentes habitats naturais da região, evocandos no interior do jardim (GRESE, 2001). Nas transições estabelecidas entre as clareiras e os habitats de floresta, a ordem das plantas assemelhava-se à da natureza, com as hérbáceas nos limites das clareiras, seguidas de arbustos e pequenas árvores de alturas variadas e, por fim, das árvores mais altas da floresta (GRESE, 2001). Nas transições com habitats húmidos eram, por outro lado, utilizadas espécies de gramíneas espontâneas adaptadas a tais condições edáficas. Na verdade, as orlas, com todas as propriedades ecológicas que hoje se lhes reconhecem, eram já amplamente tratadas nos trabalhos de Jensen. Nos seus desenhos, a distribuição ecológica das plantas era ainda acompanhada pelo encorajamento da reprodução natural das espécies, entendida como forma de continuação do processo de concepção (HOBHOUSE, 1997).
Para além das relações ecológicas, muitas vezes, Jensen explorava também a dimensão plástica da vegetação para reforçar as características naturais do terrreno, em particular os planos horizontais, aos quais associava espécies de árvores e arbustos de estruturas análogas, com ramos de disposição horizontal (como o Crataegus crusagalli ou o Crataegus mollis, a Malus ionensis ou a Malus coronaria, ou o Cornus alternifolia) (GRESE, 2001).
Nem Jensen, nem Simonds, nem Caldwell, protagonistas do estilo de pradaria, eram, segundo Robert Grese (17), “puristas” no emprego de vegetação espontânea, embora ela fosse, de facto, a base para a maioria das suas intervenções. Eles encontravam-se, todavia, entre os primeiros a recorrer de forma generalizada à flora nativa de pradaria, inusual, à época, nos jardins e nos parques.
Apesar da sua aparência naturalista, os trabalhos associados ao estilo de pradaria estavam repletos de elementos de concepção tão extraordinários quanto subtis, para os quais concorriam um tratamento invulgar da vegetação. A orientação dos espaços exteriores, e dos seus compartimentos, era cuidadosamente estudada de forma a “promover interacções dramáticas” (18) com o nascimento e o ocaso do sol, os padrões do céu, o ângulo dos raios solares e das sombras, produzidos ao longo do dia e ao longo do ano (GRESE, 2001). Tratava-se de recriar toda uma “dinâmica que celebrava a variabilidade da paisagem do Midwest” (19), pelo que estes espaços transmitiam uma noção acutilante da passagem do tempo, expressa pelas estações, pela atmosfera e pelos diferentes momentos do dia.
Tudo isto contribuia para uma valorização da dimensão cénica da paisagem, evocativa de toda a paisagem, manifesta de forma excepcional nalguns dos “players green” de Jensen, pequenas elevações a céu aberto destinadas a actuações teatrais em espaço exterior, frequentemente em torno do tema da natureza e da sua conservação, cujo cenário era o pôr-do-sol para além das árvores, as cores brilhantes do céu e o nascimento da lua (como acontece no caso do players green do Columbus Park) (BACHRACH (a), 2001).
(17) Director do Nichols Arburetum, Professor Associado de Arquitectura Paisagista na Universidade do Michigan, e especialista na obra de Jens Jensen.
(18) Cf. Grese, Robert E., “Roots of the Prairie Style, Part II”, http://www.jensjensen.org/Winter2001/RootsII.htm , 2001.
(19) Cf. Grese, Robert E., Ibidem.
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