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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quando, após a Guerra Civil (1861-1865), os Estados Unidos deixam de ser uma união para se passarem a constituir como nação, uma das formas encontradas para rivalizar com “glórias do Velho Mundo” recaiu, justamente, sobre a valorização da natureza selvagem, da qual, orgulhosamente, possuíam melhores exemplos que quaisquer outros encontrados na Europa. Esta foi uma das razões para a criação dos American National Parks, os quais acabariam por integrar a história da arte dos jardins, dada a tendência revelada ao longo de séculos para reproduzir no jardim um ideal de “natureza selvagem” ( http://www.gardenvisit.com/ ).

Havia, porém, outras razões para que a conservação da natureza e das paisagens se começasse a constituir como objecto de cuidados especiais, estas também comuns ao Velho Mundo: uma intensa industrialização e crescimento súbito das cidades acompanhados da destruição sistemática das formações naturais e da descaracterização das paisagens. Nos Estados Unidos, onde a vegetação natural marca a distinção entre as regiões geográficas da nação, as violentas transformações tornaram-se rapidamente motivo de grandes inquietações.

Assim, no final do século XIX, alguns paisagistas americanos “encontravam-se na vanguarda do desenvolvimento de estilos de jardins usando plantas espontâneas como os principais ingredientes” (9), delineando os primeiros traços de um movimento que se estenderia mais tarde à conservação de todas as paisagens e se converteria num dos componentes fundamentais da evolução da arte dos jardins do século XX (HOBHOUSE, 1997).

Apesar disto, só após a Segunda Guerra Mundial, com a transformação radical da ideia de natureza, a ecologia e as preocupações ambientais passam definitivamente a integrar a linguagem do jardim contemporâneo ocidental (BARIDON, 1998). Actualmente os termos “ecologia” e “ambiente” estão de tal forma vulgarizados na linguagem quotidiana que dificilmente se supõe que a sua origem seja recente. Porém, o termo “ecologia” (10) é empregue pela primeira vez somente no final do século XIX, sendo ainda mais tardia a atribuição a “ambiente” (11) do seu sentido actual (BARIDON, 1998). Hoje, porém, estes termos constituem a chave para algumas das tendências mais significativas de concepção do jardim e do papel da vegetação no seu interior (figura D8 e D9).

(9) Cf. Penelope, Hobhouse, Plants in Garden History, Pavilion Books Limited, London, 1997, p.289.
(10) “Ecologia” provém de Oekologie, termo usado pela primeira vez por Ernst Haeckell, em Generelle Morphologie der Organismen (1866), pretendendo significar “a totalidade da ciência das relações do organismo com o seu ambiente, compreendendo em sentido lato todas as condições de existência” (CLÉMENT, 1997).
(11) De acordo com Michel Baridon (1998) o termo “ambiente”, na sua acepção moderna, foi pela primeira utilizado pelo psicólogo Spencer quando este se referia ao solo e ao ar, um pouco após o aparecimento do termo “ecologia”.

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