quinta-feira, 8 de abril de 2010

Conhecido na Dinamarca por ter introduzido poesia na arte dos jardins, Sven-Ingvar Andersson (55) vê no jardim “um antídoto para a realidade virtual”, um espaço onde, por meio do contacto directo, são estimulados todos os sentidos e a imaginação (ANDERSSON, 1999). Um espaço que se propõe contrabalançar o elevado grau de experiência mediada, indirecta, virtual, característica das sociedades contemporâneas (dominadas pelos media e pelos computadores). Para ele, o jardim não é apenas um lugar onde existem plantas, mas um espaço capaz de proporcionar experiências físicas, mentais e estéticas (ANDERSSON, 1999). Conseguir estas qualidades, não depende somente da vegetação, mas da arte de a seleccionar e posicionar no espaço. Arte que Sven-Ingvar Andersson domina com extrema mestria e subtileza (figuras C45-C46).

Nas palavras de Sven-Ingvar Andersson (1999) a vitalidade das plantas faz com uma disposição simples e formal seja suficiente ao preenchimento de todos os requisitos necessários ao jardim. Por esta razão, a diversidade de plantas e materiais é, nos seus trabalhos, reduzida a favor da clareza espacial e das qualidades intrínsecas dos próprios materiais. Do mesmo modo, a geometria das formas a que recorre para organizar o espaço é simples e pragmática, predominando as espirais, os círculos, os quadrados e as ovais, tal como, de resto, sucedia já na obra de Carl Theodor Sorensen, seu professor e mestre.

As ovais, formas um tanto invulgares na arte dos jardins, são consideradas por Andersson particularmente interessantes, tanto por razões funcionais como estéticas. São formas precisas, fáceis de contornar, evitam os problemas característicos dos cantos e são geradoras de uma tensão extremamente apelativa. Para além disto, a oval é uma forma que se coordena perfeitamente com as formas vegetais, alheias ao ângulo recto, sendo por isso a “forma ideal para plantar um grupo de árvores ou um canteiro de rosas” (56).

(55) Natural da Suécia (onde nasce a 1927), Sven-Ingvar Andersson, desenvolve o seu trabalho de arquitecto paisagista na Dinamarca, sendo reconhecido como um dos mais importantes arquitectos paisagistas escandinavos contemporâneos.
(56) Cf. Andersson, Sven-Ingvar, “The antidote to Virtual Reality” in Between Landscape Architecture and Land Art (ed. Udo Weilacher), 1999, p.166.

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