Gilles Clément, Les Libres Jardins., 1997.
"As Plantas no Jardim do Século XX na Tradição Ocidental" é um trabalho de investigação teórico onde, de forma sintética, são apresentados conceitos fundamentais para a Arquitectura Paisagista contemporânea, bem como uma história resumida da evolução do paisagismo ao longo do século XX, tendo como fio condutor as diversas formas e fórmulas aplicadas à utilização de material vegetal no decurso deste período.

quarta-feira, 31 de março de 2010
4.2.2. Gilles Clément e as plantas no jardim em movimento
Gilles Clément, Les Libres Jardins., 1997.

Figura D22. Algumas plantas no primeiro jardim em movimento criado por Gilles Clément, o seu próprio jardim – La Vallée (iniciado em 1977 após a aquisição do seu “pedaço de terra”).
A essência do seu jardim em movimento é a energia. Do átomo ao universo, sem energia, não há movimento. As plantas recebem energia do sol e convertem-na em movimento, crescendo, multiplicando-se, disseminando-se. Elas são a base de uma cadeia complexa de movimentos, de transformações, de metamorfoses. Na natureza nada se perde tudo se transforma (30). Essa é a sua grande força e encanto, a essência da vida perpetuando-se nas transferências contínuas de energia entre átomos, moléculas e corpos (a morte é apenas o recomeço da vida).
Gilles Clément propõe um olhar renovado sobre esta imensa força que anima a natureza. Que ao contrário de ser constantemente contrariada, ela possa fluir juntamente com o jardim. A ordem do jardim em movimento é, pois, uma ordem dinâmica, em que se aceita a transformação, o movimento. Uma ordem oposta à ordem estática até aqui idealizada para o jardim, onde se investem todos os esforços para perpetuar a ordem inicialmente estabelecida. Nos jardins de ordem estática também existe necessariamente movimento – sem ele não há vida –, as plantas crescem, nalguns casos é-lhes permitido que se multipliquem (em geral de forma controlada) e transformam-se no decurso das estações, mas apenas são aceites os movimentos previstos, aqueles que se coordenam com o desenho predeterminado do jardim. No jardim em movimento pretende-se justamente o oposto: promover o movimento imprevisto. Num jardim de ordem estática uma planta fora do sítio cria desordem. Num jardim de ordem dinâmica o que cria desordem é a interrupção da evolução de uma nova ordem (como seja eliminar a planta) (CLÉMENT, 2001) (figuras D23).
(30) Algo que conhecemos do Primeiro Princípio Fundamental da Termodinâmica – o principio geral de conservação da energia (PEIXOTO, 1993).


(31) Cf. Clément, Gilles, Les Libres Jardins, Éditions du Chêne, Paris, 1997, p.17.
Nos baldios, as ervas, as mais vagabundas de todas as plantas, principiam a criação de uma nova ordem onde “a invenção é possivel, o exotismo provável” (38) (figura D24). No final do século XIX profetizava-se o fim dos baldios em consequência do crescimento das populações e da necessidade de uma maior produção de alimentos (CLÉMENT, 2001). A profecia, no entanto, não se cumpriu. Na verdade, o aumento da produção de alimentos concretizou-se por meio de uma maior eficiência agrícola, de modo que hoje a tendência é para que os baldios se multipliquem. Terrenos mais pobres ou inacessíveis, vertentes mais abruptas e de difícil mecanização, parcelas abandonadas simplesmente por não serem rentáveis ou porque aqueles que as cultivavam preferiram tentar a sua sorte na cidade, são hoje deixadas à reconquista da natureza. Mas não sem uma grande inquietação.
(32) A obra de Gilles Clément é toda ela impregnada de uma ”poesia das ervas”. O próprio termo erva (herbe) não inclui somente as plantas, mas também toda uma poética, uma ingenuidade campestre, uma memória da infância, um contacto puro e inocente com a natureza, que é parte integrante da filosofia do jardim em movimento. Por esta razão, recorremos ao termo – erva – nesta mesma acepção.
(33) Cf. Clément, Gilles, Les Libres Jardins, Éditions du Chêne, Paris, 1997, p.10.
(34) Cf. Clément, Gilles, Le jardin en mouvement, de la Vallée au jardin planétaire, Sens & Tonka, Paris, 2001, p.10.
(35) Na obra de Gilles Clément é introduzido este novo conceito de plantas vagabundas (do francês, plantes vagabondes) , um conceito que alude ao “movimento” das plantas, isto é, à sua mudança de lugar operada pela sua própria reprodução e disseminação, favorecida, muitas vezes, pelo homem, pelas máquinas, pelo vento, pelos animais, etc.. Assim, quanto mais “móveis” e mais “velozes” são as plantas, ou seja, quanto mais rápidos são os seus ciclos de vida, mais elas são vagabundas.
(36) De facto, o empenho generalizado em impedir a reconquista por parte da natureza ainda não nos deu oportunidade de conhecer as séries florísticas da nova “natureza selvagem”.
(37) O próprio Gilles Clément (2001) faz referência ao carácter único do termo friche (do francês), cujo sentido considera não ser plenamente restituído em nenhuma outra língua. Assim, embora se faça uso das traduções possíveis – terreno abandonado e baldio –, ter-se-á sempre presente o sentido original do termo– friche –, que, de acordo com o mesmo autor, alude não apenas a um terreno mas a toda uma dinâmica vegetal que lhe é própria.
(38) Cf. Clément, Gilles, Le jardin en mouvement, de la Vallée au jardin planétaire, Sens & Tonka, Paris, 2001, p.10.

Figura D24. Explosão de cor por entre as ervas anunciando a renovação da vida. As flores, depois as sementes, depois uma vida nova num novo lugar. A estratégia de sobrevivência das ervas inclui uma permanente deslocação, um permanente movimento. São, por isso, as mais vagabundas de todas as plantas.
(39) Cf. Clément, Gilles, Le jardin en mouvement, de la Vallée au jardin planétaire, Sens & Tonka, Paris, 2001, p.9.

(40) Apesar da designação – prairie armée – este tipo de formação pode não incluir espécies espinhosas. Trata-se sobretudo de uma referência geral a um estádio da sucessão fitossociologia. Dependendo das séries fitossociológicas envolvidas, assim a formação poderá envolver espécies espinhosas (como o tojal, o tojal/tomilhal ou, por vezes, o esteval) ou não (como sucede muitas vezes com o tomilhal, o xaral ou o giestal).

Num jardim, as plantas que aparecem sem aviso transformam o registo das coisas ordinárias relançando a dinâmica da observação (CLÉMENT, 2001). O imprevisto, a novidade, transformam o olhar. Transformam-no num primeiro olhar, único, singular. Por isso Gilles Clément valoriza a décalage, o acontecimento imprevisto no espaço ou no tempo, o aparecimento imprevisto das plantas como forma de renovar a percepção do espaço em torno delas. O acontecimento pode dissipar-se, mas a memória permanece, o olhar transforma-se (figura D30). “Quanto mais a escala é enganadora, quanto mais rápido é o ritmo, maior é a decálage, mais o jardim acelera” (42).
(41) Cf. Clément, Gilles, Le jardin en mouvement, de la Vallée au jardin planétaire, Sens & Tonka, Paris, 2001, p.28.
(42) Cf. Clément, Gilles, Ibidem, p.57.

Figura D30. Este caso surpreendente de uma árvore que ao longo do tempo se apoderou de uma bicicleta deixada no bosque, ilustra bem aquilo a que Clément chama de décalage. A memória deste lugar não voltará a ser a mesma no espírito de quem passou pelo bosque, pois o acontecimento imprevisto transforma a memória do espaço.
(43) Estas espécies referidas por Gilles Clément são, naturalmente, espontâneas na França.


Figuras D31. Muitas espécies bienais passam o seu primeiro Inverno em estado de roseta (como é o caso do Verbascum floccosus, apresentado nas imagens). Após meses e meses de imobilidade estas plantas desenvolvem-se subitamente em altura, preparando-se para a floração e frutificação. No termo do seu ciclo elas secam e murcham, renascendo noutros lugares. Existem formas de as forçar a comportarem-se como vivazes, mas tal não significa mais do que priva-las do seu carácter, abdicar da sua dinâmica (CLÉMENT, 2001).
O jardim em movimento é exclusivamente vegetal. No seu interior é o modo de vida biológico das ervas (boas e daninhas) a determinar a localização e a forma das massas floridas, e, como estas são sujeitas a uma permanente variação em função das espécies envolvidas e do tempo, a forma do jardim é continuamente transformada (CLÉMENT, 2001). Assim, tal como as plantas desaparecem e reaparecem em lugares imprevistos, também a forma do jardim é imprevista.
Para Gilles Clément o lugar ideal para criar um jardim em movimento é um terreno abandonado, de preferência em que a sucessão fitossociológica tenha já alcançado um estádio de prairie armée (o que, de acordo com Gilles Clemént (2001), demora geralmente entre sete a quatorze anos a suceder). Partindo deste estádio, corresponde a uma total cobertura vegetal do terreno, com pontuações de espécies lenhosas (arbustos nalguns casos espinhosos) e aparecimento das primeiras árvores, a criação do jardim em movimento principia com uma selecção da vegetação presente no terreno. Selecção que recairá sobre algumas espécies arbustivas, árvores, manchas de herbáceas e, eventualmente, vestígios da vegetação associada ao anterior uso do terreno, considerados de maior interesse. O restante é cortado com uma máquina (uma máquina robusta para cortar erva, “a única máquina verdadeira deste jardim” (46)).
As áreas cortadas convertem-se num prado, composto de uma multiplicidade de espécies, por onde se pode circular livremente. Mais tarde, nas zonas onde as plantas tenham terminado o seu ciclo e se apresentem com um aspecto desagradável, é utilizada de novo a máquina de corte, mantendo-se, mais uma vez, as manchas de vegetação de maior interesse que entretanto tenham surgido. Quanto às manchas de herbáceas floridas inicialmente seleccionadas, são agora poupadas em pequenas porções, ainda que murchas e secas, de forma a assegurar a continuidade da sua presença no jardim. Aplicando este método, de supressão e selecção de manchas floridas, a forma do jardim entra em permanente transformação, ao mesmo tempo que se definem novas zonas de circulação.
Deste modo, o jardim em movimento nunca está terminado, a sua manutenção é criativa. Mais ainda, no seu interior é acentuada a dinâmica da sucessão, pois quanto mais frequentes são os cortes, mais estimulados são os ciclos biológicos, o que conduz a uma maior biodiversidade e a uma mais rápida transformação do jardim. Por outro lado, as espécies lenhosas, de ciclos incomparavelmente mais longos, servindo de referência e de contraponto ao movimento, tornam-no ainda mais evidente (figuras D32-D33).
(44) Cf. Clément, Gilles, Le jardin en mouvement, de la Vallée au jardin planétaire, Sens & Tonka, Paris, 2001, p.67.
(45) Cf. Clément, Gilles, Ibidem, p.68.
(46) Cf. Clément, Gilles, Le jardin en mouvement, de la Vallée au jardin planétaire, Sens & Tonka, Paris, 2001, p.53.

Figura D33. Em La Vallée a forma dos arbustos persistentes, talhados em bolas, praticamente não se modifica ao longo do ano. Eles servem por isso de referência ao movimento das plantas vagabundas.
Figura D34. Em La Vallée o jardim em movimento prolonga-se sobre um substrato rochoso. Segundo Gilles Clément (2001), quanto mais pobre é o meio e mais difíceis as condições de sobrevivência, maior é a probabilidade de observar plantas extraordinárias. Pois, só as mais difíceis condições de sobrevivência permitem o aparecimento das verdadeiras pioneiras.
No jardim em movimento do Parque André-Citroën, em Paris, aberto ao público em 1993, a dimensão experimental deste jardim torna-se particularmente interessante. Tanto por situar no interior de uma grande cidade, sujeitando-se a uma utilização muito intensa, como por se desconhecem as reacções por parte do público face a um espaço desta natureza, mas, sobretudo, por aqui se levantarem problemas concretos quanto à sua instalação e manutenção. Trata-se, pois, de levar à prática um modelo de jardim que ainda raras vezes se ausentou da utopia.
No local onde foi criado o jardim em movimento do Parque André-Citroen não existia nenhum terreno abandonado em estádio de prairie armée. E como era inviável esperar que a natureza o alcançasse por si, foi necessário iniciar o jardim do princípio, isto é, recriar o estádio desejado da sucessão fitossociológica. Para tal foram instaladas no terreno espécies de lenhosas muito dispersas (como a Parrotia, o Ilex e o Euonymus), manchas alongadas de bambus, algumas espécies de espinhosas (como arbustos e trepadeiras do género Rosa) e três misturas de sementes de herbáceas, todas semeadas em simultâneo.
As espécies lenhosas e espinhosas, e os bambus, “destinados a criar planos de organização legíveis em qualquer estação” (47), formam o essencial da estrutura fixa do jardim, uma estrutura ainda assim muito fluída “com excepção dos azevinhos, destinados a serem talhados em bolas baixas de aparência fixa, afim de melhor fazer aparecer o movimento das herbáceas ao redor” (48).
Quanto às herbáceas, a selecção das diferentes misturas de sementes foi cuidadosamente estudada em função da existência de zonas do terreno com diferentes condições edáficas e diferentes graus de pisoteio. Assim, para as zonas de depressão foram eleitas espécies adaptáveis a habitats mais húmidos, ao passo que, para as zonas mais elevadas e planas, foram escolhidas espécies adaptáveis a habitats mais secos. Do mesmo modo, à mistura destinada a zonas mais secas, mas onde se previu um pisoteio mais intenso, foi adicionada uma percentagem de gramíneas (de 50%), que torna a composição mais resistente a este tipo de condições. Condições que levaram mesmo a que fosse considerada também um mistura composta unicamente por gramíneas, capaz de ocupar as zonas onde o pisoteio é permanente (CLÉMENT, 2001) (figuras D35).
(47) Cf. Clément, Gilles, Le jardin en mouvement, de la Vallée au jardin planétaire, Sens & Tonka, Paris, 2001, p. 166.
(48) Cf. Clément, Gilles, Ibidem, p.166.
Desde o início, o carácter singular e experimental do jardim em movimento determinou que no seu interior o aparecimento e desenvolvimento das plantas fosse cuidadosamente acompanhado (D36-D39). A par das espécies semeadas, outras vieram juntar-se-lhes, por vezes imprevistas, nalguns casos mantidas, noutros suprimidas. Certas espécies pioneiras, características de solos mobilizados, surgiram apenas no período inicial da instalação, desaparecendo depois naturalmente. Para as fazer regressar, aumentando a biodiversidade do jardim, prevêem-se trabalhos periódicos de mobilização do solo em algumas áreas, de modo a favorecer as condições da sua existência.
Figura D36. Abril-Maio de 1992 no jardim em movimento do Parque André-Citröen: floração de Silene acaulis, Calendula officinalis, Eschscholtzia californica e Onopordon acanthium.

“Por vezes rejeitado, frequentemente criticado, sempre citado, o jardim em movimento do Parque André-Citroën apresenta-se como resposta a uma procura implícita de um mundo em busca de reencontrar na natureza uma parte importante da sua existência” (50). Espaço lúdico, ecológico, pedagógico e experimental, o seu devir permanece ainda uma interrogação.
(49) De acordo com Gilles Clément (2001), o dispêndio em tempo e energia necessário à manutenção do jardim em movimento é inferior ao de qualquer outro jardim de superfície idêntica (embora não se possa avaliar ainda em que proporção pelo facto deste tema não ter sido objecto de nenhum estudo sistemático).
(50) Cf. Clément, Gilles, Le jardin en mouvement, de la Vallée au jardin planétaire, Sens & Tonka, Paris, 2001, p.161.
William Howard Adams, Roberto Burle Marx: The Unnatural Art of the Garden, 1991.
Mas nem por isso o tempo foi alguma vez obstáculo a que se criassem jardins. Pelo contrário, é a sua vida própria, a sua duração, a sua permanente metamorfose, que faz em grande parte o seu encanto. Depois, no espírito de um criador de jardins, as árvores são desde o início imensas e as suas sombras densas e frescas. O jardim pode estar cheio de flores e ser Primavera e no dia seguinte ser já Outono e depois Inverno. Um Inverno em dia de sol, como a sua luz mais límpida a atravessar a verdura do jardim e dos ramos das árvores despidas e dormentes. O verdadeiro criador de jardins nunca acorda do sonho, ele passeia-se pelas longas áleas do jardim e por entre o canto das folhagens e o perfume das flores, muito antes ainda do jardim ser realidade. Só assim, trespassando o tempo através do pensamento, tantas vezes quantas sejam necessárias para conhecer o jardim na sua diversidade de sensações e de momentos, se torna possível materializá-lo próximo do idealizado. E, ainda assim, por mais perfeita que possa ser a sua idealização, em espaço concreto, o tempo e vida das plantas sempre se encarregarão de lhe imprimir novas qualidades e de revelar novas surpresas, umas vezes agradáveis, outras menos. Através do tempo as plantas continuarão a marcar o compasso do jardim, e se tudo correr pelo melhor, já maduro, ou ainda em desenvolvimento, ele acabará por transpor o limiar da vida do seu criador, que nunca desde o início teve a ilusão de ver um dia a sua obra acabada, excepto no momento em que no seu espírito a concebeu.
5.1. Efemiridade e permanência

Figura E2. No limiar do sonho, Tori Winkler compôs, em 1990, este jardim efémero, prelúdio de uma entrada no bosque. Um tapete de folhas caídas une simbolicamente os dois mundos, e somente uma porta aberta os separa. Metáfora de uma travessia do sonho à realidade, deste jardim, o único vestígio é hoje a imagem fotográfica em que ficou para sempre cristalizado.
(1) É do conhecimento geral que na época contemporânea se tem verificado um aumento das doenças nervosas (Michel Baridon (1998) refere-o a propósito das transformações abruptas das sociedades contemporâneas). Algo a que não é certamente alheia a aceleração generalizada dos modos de vida.
(2) Veja-se a este respeito vários artigos dedicados à utilização de herbáceas vivazes na revista Topos – European Landscape Magazine, nº37, Dez.2001.

(3) Cf. Meyer, Elizabeth K., Martha Schwatz, Transfiguration of the Commonplace, Spacemaker Press, Washington D.C.,1997, p.115.
(4) Cf. Meyer, Elizabeth K., Ibidem, p.115.



Assim transformado, na época contemporânea o tempo já não é para o jardim somente uma dimensão que lhe é própria pela sua natureza vida, e nem mesmo a medida de um lugar na história, ele é agora um problema em si mesmo, transposto para o jardim como argumento de concepção (algo que transparece claramente no jardim em movimento de Gilles Clément). Problemas complexos, balançando ainda na tentativa contraditória de compatibilizar o ritmo acelerado da vida contemporânea com o ritmo da vida das plantas. Sinais de um tempo em que o jardim tenta reencontrar o seu lugar por entre a efemeridade e a permanência, o ruído e o silêncio, o movimento e o repouso, o sonho e a realidade, o ontem, o hoje e o amanhã (figuras E5-E7).







(6) Cf. Hill, Penelope, “The planting revolution in the modern garden” in Topos – European Landscape Magazine, nº37, Dez.2001, p.51.
CONCLUSÃO
Assim, com a progressiva complexificação das sociedades, também o tratamento da vegetação agrega cada vez um maior número de componentes. São as próprias dimensões do jardim – pensamento, arte, espaço, ecologia, e tempo – a desdobrar-se sucessivamente em novos desenvolvimentos, em novas variações. Um desenvolvimento fractal de complexidade infinita que transmite às “plantas de hoje” o sentido profundo de uma necessidade de união ao cosmos. Elas são natureza, arte, aprendizagem e identidade. Elas são cada vez mais a imagem de uma vontade de futuro. Um futuro de ordem, de harmonia, de equilíbrio, e de sabedoria. Um futuro em se rompem, por fim, as fronteiras que nos separam da natureza, para reentrarmos na natureza. Um futuro representado no interior do jardim.
Esta é talvez a imagem do jardim do futuro, um jardim em que se não distingue o homem da natureza. Orientação que se esboça já nas experiências e pesquisas que se desenvolveram em torno do jardim no final do século XX – homem e natureza tentando fundir-se num jardim-paisagem. É isto que encontramos em comum em obras tão distintas como, por exemplo, as de Peter Latz, Fernando Caruncho e Gilles Clément. Obras que julgamos deixam abertas algumas das portas do jardim do futuro: a fusão entre a natureza e a técnica; a reinvenção da identidade pela memória; e a inscrição do homem numa nova ordem biológica. As plantas serão certamente a chave para qualquer uma destas portas.
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Todos os artigos on-line foram consultados entre o início de Outubro e o final de Maio de 2003.