quarta-feira, 31 de março de 2010

Mas, ainda antes desta tendência para a suspensão do tempo do jardim pela supressão das plantas, já o desenvolvimento da fotografia e a invenção do cinema haviam anunciado mudanças temporais na sua linguagem. Com a fotografia, surgiam novas perspectivas de cristalização das durações e ritmos próprios do jardim, conferindo-lhe dimensões de instantaneidade e, em simultâneo, de permanência, que lhe eram totalmente estranhas. E se bem que haja um tanto de contraditório em tentar captar por este meio a própria essência efémera dos fenómenos, pois a fotografia transforma o momento numa quase eternidade e congela o movimento, ela é muitas vezes utilizada para tratar estes problemas, em particular na obra artistas de Earth Work e Land Art.

Assim transformado, na época contemporânea o tempo já não é para o jardim somente uma dimensão que lhe é própria pela sua natureza vida, e nem mesmo a medida de um lugar na história, ele é agora um problema em si mesmo, transposto para o jardim como argumento de concepção (algo que transparece claramente no jardim em movimento de Gilles Clément). Problemas complexos, balançando ainda na tentativa contraditória de compatibilizar o ritmo acelerado da vida contemporânea com o ritmo da vida das plantas. Sinais de um tempo em que o jardim tenta reencontrar o seu lugar por entre a efemeridade e a permanência, o ruído e o silêncio, o movimento e o repouso, o sonho e a realidade, o ontem, o hoje e o amanhã (figuras E5-E7).

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