terça-feira, 13 de abril de 2010

2.1.1. Qualidades plásticas da vegetação

Muitos jardins são concebidos a partir das próprias características das plantas. As condições específicas de adaptação ao meio constituem, neste caso, um importante contributo para uma escolha apropriada da vegetação. Porém, quaisquer que sejam as condições edáficas e climáticas, permanece sempre uma enorme diversidade tanto de espécies como de opções para a sua combinação. Assim, a decisão final a respeito da vegetação a aplicar ao jardim depende também de um impulso criativo, de um sentimento de ordem estética, que sempre deve ser considerado a par da fitossociologia e das condições ecológicas dos habitats (LUZ, 2001).

A determinação de harmonias e contrastes entre volumes, formas, texturas e cores constitui um elemento chave para o sucesso de uma composição, mas apenas se for acompanhada da simplicidade necessária a uma leitura clara das relações estabelecidas. O princípio das espécies dominantes de Heiner Luz (2001) traduz, justamente, as regras elementares para a combinação de espécies vegetais: simplicidade; unidade; e diversidade. De acordo com este princípio, a diversidade não deve ser entendida como o emprego do maior número possível de espécies distintas, mas antes como “a variação e/ou alteração da combinação de um pequeno número de elementos formativos” . A simplicidade deve, deste modo, procurar-se na clareza e na concisão de um número restrito de elementos dominantes que assegurem a unidade de toda a composição. As espécies dominantes determinam a aparência geral do conjunto e as suas variações sazonais, sendo acompanhadas por um número variável de outras espécies (substancialmente menos significativo), de aparência menos marcante, que acrescentam uma maior biodiversidade à comunidade (LUZ, 2001).

Sem diminuir a importância do carácter voluntário do desenho, este princípio possui um carácter marcadamente ecológico, reflectindo as características essenciais das associações fitossociológicas (figura B3).

Numa perspectiva de composição plástica, a concentração da atenção nas relações de contraste e semelhança de apenas uma ou duas das qualidades plásticas da vegetação – volume, forma, textura ou cor – constitui uma das melhores formas de impôr ao desenho clareza, nitidez e unidade, já que, reduzida a complexidade da composição, mais facilmente se poderão dominar as suas componentes estética, funcional e ecológica (por exemplo, concentração na semelhança das cores, como sucede nos jardins monocromáticos, ou apenas nos contrastes entre diferentes texturas).

Sylvia Crowe (1994) considera que “as melhores associações são entre plantas que têm um elemento em comum e outro contrastante. O contraste completo entre todos os elementos pode ser usado para uma ênfase particular, mas se repetido demasiadas vezes o efeito desaparece, quebrando a unidade dada pela conectividade da semelhança” (3).

(3) Cf. Crowe, Sylvia, Garden Design, Garden Art Press, UK, 1994, p.131.

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