sexta-feira, 9 de abril de 2010

O jardim minimalista socorre-se em geral de um espectro limitado de plantas potenciando ao máximo as suas qualidades individuais e de massa, em particular na sua dimensão plástica. Todavia, o minimalismo não propõe uma fórmula nem mesmo um conjunto de princípios para a aplicação da vegetação, excepto aqueles que se prendem com os seus próprios fundamentos conceptuais.

No jardim minimalista as plantas relacionam-se com a técnica, o espaço, a natureza, a paisagem, etc, através de conceitos abstractos de entre os quais se salienta o célebre “less is more” (41) de Mies Van der Rohe. Conceito que se traduz não numa visão meramente reducionista, mas numa condensação da força dos elementos compositivos de um espaço obtida pela sua simplificação, quer em número quer em qualidade, ao limite da sua essência. Desta forma, no jardim minimalista a força de representação é exaltada pela concentração num número mínimo de elementos – “less is more” – de onde o seu carácter profundamente simbólico.

Enquanto elemento compositivo do jardim minimalista, a vegetação partilha desta força de representação simbólica, exprimindo, em particular, o carácter próprio do sítio e as suas relações de semelhança com a paisagem. De acordo com Peter Walker (1992), “a paisagem minimalista encontra o seu lugar no contexto alargado do ambiente. E mesmo se se serve de estratégias de interrupção ou de interacção, é sempre possível encontrar nela a paisagem que se estende para além do “objecto” desenhado” (42).

Há, no entanto, um carácter ambíguo na natureza simbólica e abstracta do espaço minimalista (portanto não figurativa) no que respeita ao tratamento da vegetação: se por um lado ela obriga a que se retire o máximo partido das suas qualidades plásticas, por outro, torna possível a dissociação entre jardim e vegetação. De facto, aspecto inédito na história da arte dos jardins (na tradição ocidental), nalguns jardins minimalistas a presença de vegetação não é física, mas representada ou evocada através de outros materiais, ou manifesta por meio de formas subtis como as sombras.

O minimalismo representa uma das tendências mais significativas da arte paisagista contemporânea, constituindo um termo de aplicação genérica a um conjunto de intervenções que, em comum, têm muitas vezes apenas a depuração e a simplificação da forma. Não há, portanto, uma relação directa entre o jardim minimalista e a arte minimalista, embora esta seja considerada por muitos paisagistas uma das suas fontes de inspiração (como Peter Walker, Peter Latz, Sven-Ingvar Andersson ou Dieter Kienast).

Chistopher Bradley-Hole (2001) considera que o minimalismo tem raízes em tradições de diferentes épocas e culturas decorrendo da continuação de uma tendência de evolução dos jardins no sentido de uma aproximação das tradições ocidental e oriental (figuras B39).

(41) Expressão utilizada pelo arquitecto alemão Ludwig Mies Van der Rohe em 1959 na descrição de um dos seus projectos americanos então em curso (BRADLEY-HOLE, 2001).
(42) Cf. Peter Walker in Dantec, Jean-Pierre le, Jardins et Paysages, Larousse, Paris, 1996, p.507.

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