sábado, 10 de abril de 2010

O impressionismo de William Robinson e Gertrude Jekyll

No mesmo período em que decorria na França o movimento impressionista na pintura (final do século XIX), William Robinson (18), considerado um dos paisagistas e teóricos da arte dos jardins mais importantes da Inglaterra, tornava públicos os princípios para a concepção de um “jardim impressionista”, que haveriam, mais tarde, de inspirar a arte paisagista de Gertrude Jekyll (19), sua amiga e discípula.

A paixão de William Robinson pelas plantas, flores e vegetação natural, encontra-se na origem da sua nova concepção do jardim expressa sobretudo em The Wild Garden (1870) e The English Flower Garden (1883), o seu livro mais conhecido.

De acordo com Robinson, o jardim deve comunicar-nos a “doce e completa intimidade com a natureza” (20) da qual somos afastados pela vida na cidade. Rejeitando o formalismo geométrico, Robinson busca nas flores o esplendor e a beleza da natureza, sugerindo um desenho para o jardim configurado pelas próprias plantas. A sua grande sensibilidade pelas necessidades próprias da vegetação leva-o a reconhecer na diversidade do meio um potencial de enriquecimento da variedade do jardim e a procurar na própria natureza o guia para a reprodução “dos numerosos tesouros do mundo das flores” (21). Assim, as plantas vivazes espontâneas (ou exóticas, mas apenas quando perfeitamente adaptadas), são as preferidas por Robinson para prolongar por todo o ano a beleza do seu “jardim selvagem” (figura B25).

(18) William Robinson (1838 – 1935) nasce na Irlanda, fixando-se mais tarde (em 1861) em Sussex na Inglaterra, onde irá permanecer até ao final da sua vida. Revelando uma grande paixão pela botânica dedica-se ao estudo aprofundado desta disciplina primeiro no Irish National Botanic Garden de Glasnevin e depois no Royal Botanic Garden de Regent Park (DANTEC, 1996). Em The Wild Garden (1870), tido actualmente por uma espécie de manifesto do jardim “impressionista” (DANTEC, 1996), Robinson quebra com a perspectiva tradicional face ao jardim, revelando a sua aversão pela mosaicocultura e o formalismo geométrico e sugerindo um traçado espontâneo e colorido inspirado nas próprias leis da Natureza. A ênfase posta no recurso a plantas vivazes espontâneas (ou exóticas que não exijam quaisquer cuidados especiais), e a procura de novas formas de plantação inspiradas em biótopos naturais, anuncia já uma perspectiva ecológica face ao paisagismo. Ainda que a obra de William Robinson seja considerada das mais importantes para o desenvolvimento do paisagismo inglês, a verdadeira dimensão da sua influência sobre a arte dos jardins em geral permanece ainda por determinar (BARIDON, 1998).
(19) Gertrude Jekyll (1843-1932), considerada a paisagista inglesa mais célebre do seu tempo, é autora de inúmeras obras teóricas no domínio da arte dos jardins, de entre as quais se destaca Colour in the Flower Garden (1908), e também de um vasto número de jardins encomendados sobretudo por privados.
(20) Cf. William Robinson in Dantec, Jean-Pierre le, Jardins et Paysages, Larousse, 1996, p.327.
(21) Cf. William Robinson in Dantec, Jean-Pierre le, Ibidem, p.326.

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