Aliás, se a notoriedade de Burle Marx se deve em grande parte à mestria no recurso às qualidades plásticas da vegetação como forma de expressão artística, na origem da sua fama internacional encontram-se as preocupações ecológicas manifestas na sua escolha da vegetação (figuras B33). Empenhado na defesa e conservação da selva amazónica, ele é responsável pela introdução nos seus jardins de numerosas espécies espontâneas recolhidas por todo o Brasil (37). Para Burle Marx a função do jardim não é meramente estética. Ele desempenha um papel fundamental “na preservação de numerosas espécies, de outra forma condenadas a uma morte certa, uma vez que a sociedade do nosso tempo com o seu espírito desmedido em especulações e lucro, faz diminuir de dia para dia as formações naturais” (38)(figura B34).
(35) Cf. Burle Marx in Dantec, Jean-Pierre le. Jardins et Paysages, Larousse, Paris, 1991, p.399.
(36) Cf. Burle Marx in Adams, William Howard. Roberto Burle Marx: The Unnatural Art of the Garden. Distributed by Harry N. Abrams, Inc., New York, 1991, p.10.
(37) A paixão pelas plantas de Burle Marx é manifesta no seu próprio jardim, Santo António da Bica, palco de uma das mais vastas e extraordinárias colecções de plantas exóticas do mundo, hoje convertido numa fundação entregue aos cuidados do governo. No jardim de Santo António da Bica encontram-se muitas plantas raras e desconhecidas encontradas pelo próprio Burle Marx no decurso das suas expedições científicas à selva amazónica na companhia do seu mentor Henrique Lahmeyer de Mello Barreto (ADAMS, 1991)
(38) Cf. Burle Marx in Dantec, Jean-Pierre le, Jardins et Paysages, Larousse, Paris, 1991, p.400.
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