sábado, 10 de abril de 2010

Como se referiu anteriormente, a cor é luz. Ela transforma-se com as características da atmosfera, com a textura das superfícies ou com a proximidade de outras cores. A qualidade e intensidade da luz, variável com as condições climáticas, a época do ano e, mesmo, com a hora do dia, reflectem-se na apreensão da cor, valorizando de uma forma extremamente subtil as harmonias e contrastes do jardim. O fetiche exercido pela cor sobre alguns artistas dedicados à arte dos jardins (como Burle Marx) ou à pintura de paisagens (como Monet) reside, em boa parte, nestas variações sensíveis que convertem a atmosfera em imagem.

A apreensão da cor é também muito influenciada pela proximidade de outras cores. Em contraste complementar as cores tendem a ser mutuamente valorizadas, sobretudo quando as suas proporções são ajustadas por relação ao seu valor no interior da composição, predominando a mais fria e menos intensa sobre a mais viva e intensa. Contudo, se através do contraste complementar se pode estabelecer em muitos casos uma relação cromática equilibrada, através da qual as cores são beneficiadas, certas combinações podem resultar numa incompatibilidade geradora da deterioração de todas as cores envolvidas. Torna-se, por isso, muitas vezes difícil (e perigoso) envolver numa composição uma grande variedade de cores. O fenómeno de “contágio” da cor pelas cores vizinhas, é também uma das razões para que uma pequena porção de cor no local certo tenha um maior impacto que uma grande mancha aplicada no local errado.

Existem estudos que tentam explicar a preferência por certas combinações através da harmonia de tríades do espectro visível como: vermelho–amarelo–azul; ou laranja-verde-violeta. Todavia, ainda nenhuma “fórmula” foi inventada que pudesse ser aplicada ao tratamento da cor no interior do jardim (como aliás demonstram as inúmeras pesquisas e experiências desenvolvidas em torno da cor ao longo de todo o século XX) (figuras B18).

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