sábado, 10 de abril de 2010

Monet era um espírito sensível, criativo, e obstinado, sempre disposto a entregar-se por completo às suas ideias e aos objectivos a que se propunha. O jardim de Giverny foi um dos principais focos da sua atenção durante o último terço da sua vida (CRESPELLE, 1992) e a sua concepção reflecte, para além de um grande entusiasmo e originalidade no que respeita ao tratamento da vegetação, uma paixão permanente pela cor e pela luz. É um jardim “impressionista”, um jardim “pintado” em plantas, em tudo distinto dos modelos em vigor à época. René Gimpel refere a respeito da sua primeira visita a Giverny: “ninguém precisa de ser um Maeterlink para descrever um jardim que não se parece com nenhum outro, primeiro porque é feito com as flores mais vulgares e, depois, porque crescem até uma altura desordenada. Eu não creio que haja uma só que floresça a menos de um metro de altura. Não é um prado mas uma floresta virgem de flores, todas de cores audaciosas; nada de rosas delicados ou de azuis-claros, apenas vermelhos e azuis” (14).

Inspirado nos campos de cultivo de bolbos holandeses, o jardim de flores de Monet, junto à casa, compõe-se de cerca de setenta canteiros rectangulares, plantados, cada um, apenas por uma variedade de flores, de modo a produzir um efeito em bloco da cor (AAVV., The Garden Book, 2000). Todo o conjunto obedece a uma grande simplicidade, dispondo-se de acordo com veredas cruzadas em ângulo recto. As flores são as mais comuns (Monet detestava plantas exóticas), escolhidas sobretudo pelos seus caules longos como as peónias, as papoilas, os girassóis ou os ásteres. Apenas os nastúrcios vermelhos e laranja crescem livremente bordejando as veredas (CRESPELLE, 1992) (figura B21).

(14) Cf. René Gimpel in Crespelle, Jean-Paul, Monet, Editorial Estampa, Círculo de Leitores, Lisboa,1992, p.128.

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