sábado, 10 de abril de 2010

“Na longa história da relação que une o jardim à pintura, o impressionismo (11) representa uma fase de amplitude muito particular. O jardim converte-se numa paisagem reduzida, num terreno de experimentação a meia distância” (12). O quadro é o próprio jardim e as impressões que desperta, a pintura, a sua tradução apaixonada. “Sei bem – escreve Van Gogh – que nenhuma das flores é desenhada, que não são mais que toques de cor: vermelhos, amarelos, laranjas, verdes, azuis, violetas; mas a impressão de todas estas cores, uma após a outra, fica tão bem no quadro como na natureza” (13).
O fascínio pelo jardim é comum a um grande número de impressionistas e expresso em numerosas das suas obras, mas Monet vai mais longe: o encanto pelas plantas e as flores leva-o, em 1892, a adquirir uma propriedade com um terreno, e a dedicar-se à criação do seu próprio jardim (figuras B20).

(11) Em 1874 realiza-se em Paris a primeira exposição de pintura de um grupo de jovens franceses que se associa em torno de Claude Monet, contestando a excessiva rigidez da Escola de Belas Artes. O termo “impressionismo” surge por esta ocasião como ironia para com o título do famoso quadro de Monet – Impressão, Sol-Nascente. Os impressionistas, a princípio hostilizados pela opinião pública, pintam os seus quadros ao ar livre, recolhendo impressões efémeras da paisagem, da luz e do movimento. As cores espectrais do sol (azul, amarelo e vermelho) e suas complementares (laranja, roxo e verde), assim como os tons intermédios e o branco, são as preferidas para transmitir as sensações naturais do ar livre. Os contornos, a densidade e os volumes diluem-se nas impressões fugazes de movimento e de luz. As misturas de cor são feitas na própria tela para que não percam a força e o brilho. A partir de 1880-1890, o movimento difunde-se pelo estrangeiro, abrindo caminho a interpretações estéticas livres (CARRASSAT & MARCADÉ, 2001).
(12) Cf. Baridon, Michel, Les Jardins, Éditions Robert Laffont, Paris, 1998, p.1061.
(13) Cf. Van Gogh in Baridon, Michel, Les Jardins, Éditions Robert Laffont, Paris, 1998, p.1061.

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