sexta-feira, 9 de abril de 2010

3.2.3. O retorno ao formalismo geométrico

Desde o final do século XIX, a evolução do informalismo é acompanhada de uma tendência progressiva de retorno ao formalismo geométrico, tendência que perdurará até à eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Inicialmente em resultado da reabilitação de grandes propriedades pertencentes à aristocracia francesa (nobreza e alta burguesia), que reclamava para os seus jardins as melhores referências históricas e culturais, este retorno ao formalismo estende-se a toda a Europa e também à América, exibindo essencialmente traços de um revivalismo histórico de ascendência francesa e italiana.

A coexistência simultânea das duas tendências (formalismo e informalismo) leva Jean-Pierre le Dantec a afirmar que, no início do século XX, a “arte dos jardins do Ocidente balança entre um neopaisagismo impressionista e um neoclassicismo arcaizante” (20). Esta pode, na realidade, considerar-se a primeira de uma série de cisões respeitantes às tendências evolutivas dos estilos de jardim e dos sistemas de plantação, cujas características distintivas mais marcantes, assentarão sobretudo, até à Segunda Guerra Mundial, no problema da forma – geométrica ou informal.

Na França, em clima de exaltação nacionalista, Henri Duchêne (1841-1902) marca o início do retorno aos padrões do classicismo de Le Nôtre. É, todavia, Achille Duchêne (1866-1947), seu filho, quem mais se destaca como representante da reacção contra ao estilo paisagista, que Henri havia já classificado de “estilo mole” (21) (“style mou”) (BARIDON, 1998). A obra de Achille Duchêne, alvo de grande notoriedade na década de trinta (quer na Europa, quer na América), compreende um grande número de restauros de importantes jardins do património francês (entre os quais se conta o restauro do famosíssimo Jardim de Vaux-le-Vicomte, de Le Nôtre), a criação de inúmeros jardins e, ainda, diversas obras de manifesta preocupação urbanista. Embora se inspirasse nos planos e plantações de origem dos grandes jardins históricos do Renascimento e do Barroco, manifestando, em particular, grande admiração pelo trabalho de Le Nôtre, Achille Duchêne era possuidor de um espírito crítico e inventivo que o levava frequentemente a introduzir melhoramentos aos planos originais, sendo-lhe atribuídas diversas inovações respeitantes aos modelos de plantação. A disposição dos parterres de broderie para lá dos parterres de relvado é um exemplo que atesta a sua inventividade (BARIDON, 1998). Mas, sobretudo, Achille Duchêne é responsável pelo reencontro de uma pureza de formas, perdida no decurso do século XIX, que assinala a ruptura “com os hábitos que consistiam em reduzir as árvores e os relvados a um papel de simples décor natural” (22)(figura C23).

(20) Cf. Dantec, Jean-Pierre le, Jardins et Paysages, Larousse, Paris, 1996, p.321.
(21) Cf. Baridon, Michel, Les Jardins, Éditions Robert Laffont, Paris, 1998, p.1108.
(22) Cf. Baridon, Michel, Ibidem, p.1110.

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