Correndo ao longo dos rios a água ou se evapora ou regressa ao mar. Assim, no último dos jardins seriais já não é tratado o tema da água, mas o do sol, cuja energia anima de movimento a vida na Terra.
Os vários jardins seriais desenvolvidos em torno do tema da água (número dois a número seis) são um exemplo extremamente bem conseguido de tradução de um tema por meio de uma determinada distribuição espacial da vegetação. Olhando para os planos destes jardins, verifica-se que existe uma correspondência quase literal entre a sua forma e os temas evocados. As imagens dos três últimos, em particular, lembram fotografias aéreas de secções de um regato, de uma cascata, ou de um rio, estilizadas e transpostas para o jardim num desenho feito de plantas. Os dois primeiros jardins da série, evocando temas de alguma forma mais abstractos (a chuva e a fonte), espantaram ainda mais pela forma original encontrada para estabelecer relações entre a organização do espaço e as ideias evocadas.
Ao tema da água, que determina a forma dos jardins, sobrepõem-se o tema da cor e o da relação com os cinco sentidos, assim como todo um sistema de correspondências assente numa interpretação metafórica do movimento associada à transformação alquímica dos corpos elementares (para cada jardim um planeta, um metal, um dia da semana, um número atómico). Aspectos que não influenciam a forma dos jardins, mas modificam tanto a sua imagem como as relações sensoriais com o espaço (pois, como diz Gilles Clément, um jardim não é apenas forma).
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