A grande paixão de Sven-Ingvar Andersson são os jardins. Os jardins e a arte. Ou, melhor, os jardins enquanto arte. Nos seus jardins, os aspectos funcionais não constituem uma prioridade de concepção. O uso do espaço acabará naturalmente por advir da sua identidade, da sua definição espacial e força expressiva. Aspectos que Andersson considera essenciais para que um espaço possa ser vivenciado vezes sem conta, evidenciando sempre novas qualidades (como uma boa peça de teatro ou uma bela pintura) (ANDERSSON, 1999).
A identidade do jardim emana da sua relação própria com a paisagem e cultura de cada lugar (do genius loci), mas também do carácter único e voluntário do seu traçado, pois “cada obra de arte exige ser única” (57). Esta é a razão que leva Andersson a valorizar a criação deliberada de contrastes entre plantas de formas talhadas e naturais. Trata-se de imprimir ao jardim marcas distintivas, “impressões digitais”, que em simultâneo o aproximam do espírito do seu criador e o diferenciam de quaisquer outros jardins ou lugares.
Para além destas “marcas”, os jardins de Andersson deixam naturalmente transparecer a suavidade tranquila das paisagens da Dinamarca (figura C44) e os traços característicos da cultura escandinava. Tudo através de uma grande simplicidade e clareza de linhas, muitas vezes expressa num uso virtuoso das sebes e limites como elementos de definição espacial e por meio de uma aplicação exemplar da vegetação (WEILACHER, 1999). A simplicidade formal dos seus projectos sugere uma certa afinidade ao minimalismo, mas na verdade concorrem para o seu trabalho fontes de inspiração diversas: toda a história da arte dos jardins (desde a obra dos grandes mestres da tradição escandinava (Gudmund Nyeland Brandt (1878-1945) e Carl Theodor Sorensen (1893-1979) à arte dos jardins japonesa); a arte contemporânea em geral; e a própria vida quotidiana.
(57) Cf. Andersson, Sven-Ingvar, “Formal characteristic of the Informal Garden” in Historic Gardens and Sites, The UNESCO ICOMOS Documentation Centre, http://www.international.icomos.org/publications/93garden.htm , 1993.
Sem comentários:
Enviar um comentário