O interesse pela flora nativa e pela conservação da natureza foi um pouco mais precoce na América (em particular nos Estados Unidos da América) do que na Europa. Para os primeiros colonos americanos, maioritariamente ingleses, a flora nativa era toda ela nova, desconhecida. Durante dois séculos, as novidades hortícolas do Novo Mundo foram intensamente exportadas para a Inglaterra e para resto da Europa, e aí recebidas com um grande entusiasmo (8). Não admira, pois, dada a proximidade cultural ao ascendente europeu, que este entusiasmo fosse em parte partilhado no interior da própria América.
As dificuldades impostas pelo clima americano à introdução de espécies exóticas e a abundância e diversidade da flora nativa, deram também o seu contributo para a generalização do apreço pelas espécies autóctones no jardim, sendo que, rapidamente, muitos viveiristas americanos se especializaram na colecção, propagação e venda destas plantas, impulsionando ainda mais o seu favorecimento por meio da publicidade levada a cabo por razões comerciais ( http://www.gardenvisit.com/ ).
O fascínio americano pela flora nativa e pelas paisagens naturais, provinha ainda de razões profundas de sentimento: o Novo Mundo – the land of opportunities – era um lugar abençoado onde, deixadas para trás as mágoas de uma vida difícil, comum a muitos dos emigrantes, era possivel recomeçar uma vida nova. A valorização das novas plantas e paisagens traduz este sentimento de recomeço, de esperança, de futuro. Os imigrantes americanos nunca esqueceram as suas origens nem a sua cultura, mas sentiram-se desde sempre atraídos pela natureza do seu Novo Mundo.
Assim, embora o jardim europeu tenha exercido uma forte influência sobre a tradição americana, a ponto de ainda hoje existir uma perfeita identificação entre os estilos americanos e europeus, esta faceta de apego à flora nativa e de preferência por um estilo naturalista de plantação foi um dos aspectos que sempre prevaleceu na jovem tradição da arte dos jardins americana (figuras D6 e D7).
(8) Algumas das melhores variedades de plantas de jardim, espontâneas na América, foram mesmo melhoradas e multiplicadas em grandes quantidades na Europa (na Inglaterra, na Alemanha e Holanda), regressando só mais tarde à sua proveniência de origem.
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