(24) Cf. André Vera in Dantec, Jean-Pierre le, Jardins et Paysages, Larousse, Paris, 1996, p.379.
(25) Cf. André Vera in Dantec, Jean-Pierre le, Ibidem, p.380.
(26) Termo aqui empregue no sentido da estranheza e da extravagância.
(27) Cf. Baridon, Michel, Les Jardins, Éditions Robert Laffont, Paris, 1998, p.1120.
(28) Cf. Baridon, Michel, Ibidem, p.1120.
(29) Cf. André Vera in Baridon, Michel, Les Jardins, Éditions Robert Laffont, Paris, 1998, p.1124.
(30) Cf. André Vera in Baridon, Michel, Ibidem, p.1124.
(31) Cf. André Vera in Baridon, Michel, Ibidem, p.1124.
(32) Cf. André Vera in Baridon, Michel, Ibidem, p.1124.
(33) Cf. André Vera in Dantec, Jean-Pierre le, Jardins et Paysages, Larousse, Paris, 1996, p.383.
(34) Cf. André Vera in Dantec, Jean-Pierre le, Jardins et Paysages, Larousse, Paris, 1996, pp.384-385.
"As Plantas no Jardim do Século XX na Tradição Ocidental" é um trabalho de investigação teórico onde, de forma sintética, são apresentados conceitos fundamentais para a Arquitectura Paisagista contemporânea, bem como uma história resumida da evolução do paisagismo ao longo do século XX, tendo como fio condutor as diversas formas e fórmulas aplicadas à utilização de material vegetal no decurso deste período.

sexta-feira, 9 de abril de 2010
O jardim arte déco surge, como foi já referido, através da obra de André e Paul Vera, obra que a princípio se orienta no sentido das pesquisas de Gabriel Guérvrékian ou de Robert Mallet-Stevens. Contudo, enquanto estes últimos tentam renovar a linguagem do jardim recorrendo sobretudo a novos materiais, os irmãos Vera mantêm-se, desde o início, fiéis à aplicação predominante de vegetação. Tal como Forestier, também eles são adeptos incondicionais da linha recta, “a linha mais simples que podemos imaginar” (24), porém, mais intransigentes quanto ao uso da curva e do círculo, que, juntamente com a elipse, recusam em absoluto. Para eles, as formas geométricas que melhor servem os ideais de ordem, simplicidade, clareza, equilíbrio e serenidade, são os quadrados e os rectângulos, de todas, “as formas mais simples de realizar e mais fáceis de manter” (25). É nesta linguagem de regularidade, feita de linhas de preferência compridas, direitas e contínuas, que se inscrevem as árvores de alinhamento talhadas, as grandes áleas, os arbustos isolados talhados, as sebes de teixo e de buxo, e as superfícies amplas dos relvados e das platibandas, delimitadas com precisão. Uma linguagem que, tal como a de Achille Duchêne, se associa à exaltação nacionalista experimentadas em França nesta época. Sentimento de onde retiram o apego pela vegetação espontânea e repúdio pela vegetação exótica (26) e “estrangeira”. Todavia, ao contrário de Achille Duchêne, os irmãos Vera tentam claramente demarcar-se do trabalho de Le Nôtre, procurando antes afirmar-se no espírito do seu tempo. Certamente, menos se não poderia esperar dos “Coco Chanel da arte dos jardins” (27) e fervorosos apologistas da moda e das artes de vanguarda. “Nenhuma exuberância ornamental” (28), nada de “desenhos em buxo pretensiosos e impecáveis” (29), nem uma “excessiva regularidade” (30), mas, ao invés, a simplicidade do “traçado de um artesão” (31), enriquecido de alguns traços pessoais e por algumas negligências deliberadamente toleradas ao trabalho de execução do jardineiro. Imperfeições que tornam o desenho mais vivo, fazendo com que não se assemelhe “ao trabalho de uma máquina mas ao de um homem,” (32). Por isso, a simetria, que consideram essencial ao equilíbrio do jardim, não é a do reflexo de um espelho, mas a estabelecida pela equivalência e oposição do valor relativo dos elementos da composição. Elementos submetidos a uma ordem que, gerada pelos mesmos princípios e “fruto de uma vontade única, constante e invariável” (33), conduz inevitavelmente à unidade de todo o conjunto, de todo o traçado. Traçado regular, sempre aliado, nos jardins dos irmãos Vera, a um tratamento da vegetação extremamente formal (figuras C26-C27). Contudo, para além do jardim, situado na proximidade da casa, também eles admitem uma aplicação da vegetação mais informal. Trata-se, neste caso, de estabelecer um gradiente de artificialidade entre a casa e a paisagem. Junto à casa, a horta (potager), o pomar (verger) e o jardim. Depois, o buxo e o teixo talhados e também as áleas rectilíneas de árvores talhadas estendendo a ordem aos limites da propriedade. Mais além, os arbustos de forma natural escolhidos pela sua forma pendente ou erecta e pela beleza das suas folhas e flores. “Por fim, as plantas vivazes, os grandes relvados e as árvores da floresta” (34).
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