Interessando–se desde cedo pela arte minimalista, só após quase duas décadas de actividade profissional (em 1978), descobre nas “qualidades intrinsecamente minimalistas dos grandes jardins clássicos de Le Nôtre” (48) uma forte ligação entre a arte minimalista e a paisagem. Desde então, o principal objecto da sua pesquisa teórica e prática passa a ser constituído por um conjunto de elementos do classicismo: “a combinação ou a sugestão da ordem, da harmonia, do equilíbrio, da razão, da disciplina, da repetição, da geometria, da estabilidade, do poder, do controlo, da simplicidade, da austeridade, do repouso, da serenidade, da transcendência e da permanência, que reencontramos nas maiores obras minimalistas da mesma forma que em Poussin, Le Nôtre, Cézanne, Le Corbusier, Mies Van der Rohe e outros” (49).
No desenvolvimento das suas pesquisas, Peter Walker aponta três ideias fundamentais subjacentes à força da arte minimalista na paisagem: gestos; dureza e lisura das superfícies; e repetição em séries (WALKER & BLAKE, 1991). Ideias que no seu trabalho se convertem em argumentos de composição, comandando igualmente a aplicação e distribuição da vegetação. De acordo com Peter Walker, os gestos resultam da introdução de elementos estranhos ao espaço, capazes de transformar a sua percepção global; a dureza e lisura das superfícies permite a definição do espaço por meio de um tratamento particular das superfícies; e a repetição em séries torna aparente um padrão que domina sobre quaisquer outros elementos não repetitivos, atraindo para si a atenção.
Por meio da aplicação destes princípios, Peter Walker torna os espaços interessantes em si mesmos, prescindindo da sua delimitação física por meio de quaisquer materiais, quer sejam vegetais ou inertes. Perspectiva de autonomização do espaço de que resultam formas variadas de tratamento da vegetação, cujo elo em comum se prende somente com a aplicação de um mesmo modelo de concepção, analítico e minimalista (figuras C37-C38).
(47) Peter Walker nasce nos Estados Unidos da América, em 1932. Após a conclusão dos seus estudos de Arquitectura Paisagista na Universidade Harvard inicia a sua carreira profissional em associação com o arquitecto paisagista Hideo Sasaki (em São Francisco, de 1959 a 1983). Entre 1983-1989 o seu trabalho reparte-se entre São Francisco e Nova Iorque em associação com Martha Swartz. Posteriormente, a partir de 1990, estabelece-se de forma independente em São Francisco. Hoje é um dos mais reputados arquitectos paisagistas americanos.
(48) Cf. Peter Walker in Dantec, Jean-Pierre le, Jardins et Paysages, Larousse, Paris, 1991, p.505.
(49) Cf. Peter Walker in Dantec, Jean-Pierre le, Ibidem, p.506.
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