O formalismo encontra-se conotado com uma expressão marcada de domínio sobre a natureza e com uma ideia de jardim estreitamente associada à arquitectura. A ligação entre os edifícios e a paisagem, converte-se, numa perspectiva formal, num prolongamento vegetal da arquitectura, ao passo que, numa perspectiva informal, é a natureza que invade a arquitectura e a domina. O informalismo reclama, assim, uma maior proximidade à natureza e uma relação mais íntima entre o jardim e a paisagem.
De acordo com Penelope Hobhouse (1997), “a essência do informalismo (natural gardenig) parece consistir em permitir que as plantas, ao invés da arquitectura, modelem a imagem do jardim” (5). Tal afirmação vai ao encontro do pensamento de Sven-Ingvar Andersson (1993) a respeito do jardim informal na sua origem (o jardim paisagista Inglês ou jardim romântico), que considera fazer especialmente uso da imagem (do cenário), razão pela qual se desenvolveu em estreita associação à pintura.
Formalismo e informalismo podem também ser entendidos por relação a diferentes graus de artificialidade. De facto, no decurso do século XX, com o desenvolvimento de uma maior consciência ecológica e ambiental, o grau de artificialidade do jardim encontra-se, cada vez mais, associado à natureza das espécies escolhidas (se exóticas, se espontâneas) e aos fundamentos ecológicos aplicados à sua distribuição, pelo que estes termos têm vindo, em certa medida, a ser destituídos do seu significado original.
No início do século as formas de distribuição espacial da vegetação, oscilando entre extremos considerados opostos – formal e informal – constituíam um elemento essencial para a definição do estilo de concepção do jardim. Após a Segunda Guerra Mundial, no entanto, o prolongamento desta controvérsia é feito por outros meios (DANTEC, 1996) e de forma bastante mais discreta, mesmo porque existe uma colaboração mais harmoniosa entre arquitectos e paisagistas (ZUYLEN, 1994). Na realidade, o seu significado desvia-se daquele que no início do século lhe era atribuído – o formalismo associa-se agora à técnica, e a interpretações simbólicas (reactivas ou não) das necessidades e contingências da época contemporânea, enquanto, por outro lado, o informalismo revela uma forte ligação à ecologia. O facto de, na obra de inúmeros paisagistas contemporâneos, formalismo e informalismo constituírem duas abordagens possíveis ao tratamento da vegetação, ajustáveis a diferentes lugares e a diferentes paisagens (como a rural e a urbana) (6), demonstra bem a que ponto se diluíram as fronteiras entre estes dois modelos desde o início do século.
(5) Cf. Hobhouse, Penelope, Plants in Garden History, Pavilion Books Limited, London, 1997, p.296.
(6) Embora, na época contemporânea, a tendência seja também para que se considerem diluídas as fronteiras entre paisagem rural e urbana (ou a oposição clássica entre a cidade e o campo), em consequência daquilo a que se pode chamar o “urbano generalizado” (DANTEC, 1996).
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